A FUNÇÃO EDUCATIVA DOS PAIS
Educar
um filho não é simplesmente se fixar na área afetiva; é também iniciá-lo à
vida, ajudá-lo a se adaptar às exigências da vida prática e lhe permitir
desenvolver sua vida social. É transmitir-lhe um nome, uma linhagem, uma herança
cultural e educativa: condutas, referências, idéias, um sistema de valores.
É
também favorecer suas experiências, estimulá-lo na curiosidade de conhecer e de
agir, desenvolver seu senso crítico e ajudá-lo em suas responsabilidades;
ajudá-lo a ter respeito por si mesmo e pelos outros, aprendendo a dominar sua
agressividade espontânea, sempre podendo se defender e lutar contra as
dificuldades da existência. Para isso, nada melhor que o exemplo de seus pais,
de seus avós e das outras pessoas que o cercam.
Os
pais transmitem aos filhos tudo o que sabem, o que aprenderam de seus pais e o
que eles mais consideram; depois, deixam que, crescendo, encontrem seus
próprios centros de interesse e seus próprios valores.
Pode-se
dizer que os pais tiveram êxito na educação do filho quando conseguiram
ensiná-lo a viver sem eles. Não é bom que os pais fiquem centrados demais na
educação dos filhos, aspirando fabricar jovens perfeitos. É sufocante tanto
para os filhos quanto para os próprios pais.
Satisfazendo
suas aspirações pessoais, os pais incitam os filhos a satisfazer as suas. Isso
é dar o exemplo do prazer de viver!
Outro
elemento importante é a relação pais-filhos que se estabelece pela comunicação,
seja verbal ou não. Lembremos que o diálogo é o instrumento privilegiado.
Crises e incompreensões sempre se atam em torno do não dito e dos equívocos.
Outro
ponto essencial é o acordo dos pais sobre os princípios educativos básicos,
quer vivam juntos ou não. Muitas divergências, ideológicas ou morais, deixam o
jovem dividido, pois ele não pode deixar de tomar partido. A condenação ou
desvalorização de um dos pais provoca uma ruptura identificatória, um
sentimento de culpabilidade e de angústia que levam o jovem a regredir ou a
bloquear seu desenvolvimento. Mas se um contestar as decisões do outro, o jovem
passará pela experiência das diferenças de idéias, de posições e da distinção
entre as funções de cada um, o que é muito estruturador.
Assim
como faz com a autoridade, o jovem também testa essa aliança, e põe à prova a
coesão educativa de seus pais e, às vezes, faz da discórdia uma prova da
solidez psíquica de todos. Muitas vezes também o jovem é tentado a criar uma
coalizão com um dos pais contra o outro. Isso é inconsciente e ambivalente. Ele
procura essa aliança e a teme ao mesmo tempo, pois se ela se concretiza, é
muito angustiante. Pode acontecer de os pais discutirem e brigarem, o que é
pior. O importante, nesses casos, é ser verdadeiro, dizer com suas palavras o
que se sente, pois é de nossa franqueza que o jovem tem mais necessidade.
Autor: Claire Garbar e Francis Theodore, em
“Família Mosaico” - Augustus Editora.